segunda-feira, 15 de julho de 2013

Ainda as Manifestações. A greve do dia 11, O aumento dos juros e a Arapongagem norte-americana

Ainda as manifestações

     O país ainda sofre o impacto das  manifestações, procurando entender suas causas e consequências. Ainda que a manifestação do dia 11 tenha sido basicamente sindical, visando mostrar força e manter seus privilégios, as primeiras manifestações haviam reunido milhões de pessoas com motivações bastante distintas, mas foi percebido  um inconformismo crescente com o não atendimento às aspirações e demandas da sociedade, deixando-as subordinadas aos interesses dos setores políticos  que comandam a Nação, apenas difusamente houve alguma constatação da hegemonia dos interesses pró-rentistas (na maior parte estrangeiros) na formulação das políticas públicas, refletida na destinação de quase metade do orçamento do Governo Federal para o serviço da dívida pública.
    Nenhuma liderança soube captar e expressar o mal-estar contemporâneo. A internet viabilizou a mobilização sem qualquer liderança visível.
   Culparam-se os desacertos da política econômica nos últimos governos, mas os efeitos negativos só de leve foram sentidos e houve avanços nas condições de vida. Ao contrário do que ocorreu em outras partes do mundo, a distribuição de renda melhorou e o desemprego está em seu mínimo histórico.
   É verdade que a inflação está em alta, mas é difícil atribuir a ela o papel de catalisadora do movimento das ruas. Os elementos tradicionais da insatisfação popular – dificuldades econômicas e falta de representação democrática não estão presentes no Brasil de hoje. É evidente que a internet e as redes sociais fizeram que o mal-estar transbordasse para a realidade das ruas mas os internautas de hoje ainda não representam o povão, ainda que funcionem como catalisadores de frustrações comuns.
As causas do mal-estar (difuso) parecem ter alguns eixos principais. O primeiro é o descrédito com os políticos, caros e corruptos, principalmente com o Legislativo.  . O segundo é  a falta de Segurança Púbic a onde o órgão mais ineficiente é o Judiciário em todas suas esferas. O terceiro é a falta de um “Santo Graal”, ou seja, de um ideal pelo qual lutar, psicologicamente necessário para uma juventude saudável e agora bem alimentada...”.
   As tendências apontam para uma mudança de rumo. O desencanto com a democracia representativa não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. As razões dessa insatisfação estão claras, mas é possível que o modelo de representação democrática, o único possível em grandes populações, tenha deixado de ser indispensável num mundo interligado. O debate público deslocou-se das esferas tradicionais da política para a internet e as redes sociais. Ameaçados pelo crescimento da internet, os “representantes do povo” que representavam apenas a si mesmo, estão perdendo o bonde da História. Cada vez mais os desejos homogêneos das massas exigirão seu atendimento assim será quanto ao corte do número dos parlamentares, da redução dos salários absurdos, da punição dos corruptos, a começar pe los do mensalão, da redução da maioridade penal, da limpeza na Justiça, no levantamento das restrições ao porte de arma e outras aspirações mais. Os parlamentos, no mundo e no Brasil, estão sob convulsão, pois foram atropelados pela democracia direta, forjada nas ruas, cujo desfecho, no ambiente da crise mundial, ainda, é a grande incógnita.
   Este é o caminho para a Democracia Direta, pois para os assuntos realmente importantes serão adequados os plebiscitos e para os problemas menores, uma pesquisa pela internet ou mesmo pelo Ibope será suficiente e de menor custo.
Está acabando a era dos políticos que decidiam secretamente por não seguirem a vontade popular. 

A greve do dia 11
   Depois de o jornalismo haver exibido cenas do dia 11, poder-se-ia perguntar  às Centrais Sindicais: Por que vocês resolveram parar o país? O que realmente queriam? Valeu?
   A greve teve intensidade abaixo da média em relação ao comum em um evento “nacional”. Em muitas das grandes cidades a vida transcorreu normalmente. Noutras o comércio só fechou para evitar depredações. Somente onde o transporte coletivo aderiu que as consequências foram visíveis no panorama urbano. As ruas ficaram com jeito de feriado. As centrais sindicais elencaram reivindicações para justificar a absurda paralisação, mas o real motivo não estava entre os motivos apresentados. Essa greve política, articulada pelo setor sindica lista do PT, só serviu para afastá-los ainda mais da sociedade.
   Naturalmente o resultado foi pífio. Sabiamente, o povo não compareceu. Em muitas cidades, os "grevistas" precisaram interromper o trânsito em avenidas e rodovias como forma de dar aparente vulto ao que faziam, mas foi outro tiro no pé. A imagem que restou foi apenas a raiva dos motoristas obrigados a parar enquanto meia dúzia queimava pneus na pista. A marca do sindicalismo pelego dando prejuízo com a interrupção de atividades produtivas.
   O peleguismo é outro setor que está morrendo e não sabe. Repudiado quando tentou conduzir as manifestações autênticas, quis organizar uma sua. Saiu pior do que entrou.

O aumento dos juros
   O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto percentual, indo para 8,5% ao ano (estava em 8%). É a terceira reunião seguida do Copom em que os juros aumentam. A decisão foi unânime.
   Algumas medidas governamentais indicam que a Presidente Dilma esteja se rendendo às pressões do interesse financeiro, notadamente estrangeiro: As privatizações/desnacionalizações (notadamente os leilões do pré sal), e principalmente o aumento dos juros. No início do mandato a Presidente havia forçado a queda de juros. È claro que trouxe progresso, mas virou contra ela todo o aparato financeiro nacional e internacional. Agora, cercada, está se rendendo. Falta-lhe força ou coragem para enfrentar o verdadeiro inimigo.
   Muito além da despesa de custeio da nossa máquina pública, excessivamente inchada, muito mais do que a soma de todas as corrupções, que aliás são imensas, os gastos com os juros e amortizações da dívida formam a maior sangria aos cofres públicos, engolindo 44% do orçamento. Recebendo atenção prioritária do governo, nada sobra para os investimentos em infraestrutura e nos serviços públicos que podem trazer progresso.
    O pretexto para a elevação dos juros, como sempre, foi a ameaça de inflação Pretexto falacioso pois aumentar os juros  pode controlar apenas um tipo de inflação: a de excesso de procura e oferta insuficiente mas isto não estava havendo, não havia excesso de dinheiro e as prateleiras dos supermercados e das lojas estavam cheias.
   Com os juros mais altos a produção fica imediatamente mais cara por conta dos financiamentos mais dispendiosos e em seguida a produção diminui, pois será mais lucrativo colocar o dinheiro a juros do que produzir. Isto causa ainda mais inflação.
   Tem mais: uma elevação forte nos juros arruína o Tesouro Nacional, elevando a conta do serviço da dívida no âmbito do orçamento sobrará menos recursos para atender as demandas sociais e consequentemente, detona movimentos sociais, que reivindicam mais saúde, educação, segurança, transporte e infraestrutura. A própria dívida passa a ser “rolada” e se torna impagável, ou só pagável com perda de soberania. Quem vai pagar os juros que o Banco Central puxou para cima serão inicialmente, os trabalhadores, depois a classe média e por fim os empresários. Os banqueiros não, a menos que não haja outro local no mundo para onde possam levar seu dinheiro parasitário. Em outras palavras, o pagamento de juros causa uma sangria mu ito maior do que o custeio da máquina governamental, somado a todas as roubalheiras existentes no País.
   Tivesse a Dilma prosseguido como começou, poderia ter contra si todo o sistema financeiro internacional, mas a economia iria de vento em popa. Tivesse ela prosseguido na faxina que esboçou, poderia até sofrer um impeachment por parte do Congresso, mas as “manifestações” demonstraram que a população não o permitiria, e ela teria a adesão das Forças Armadas apesar das provocações da Comissão da Verdade, ou melhor, da Vingança, mas o apoio se desfaz com a economia declinante. Já há quem esteja pedindo a cabeça dela.
    Prosseguindo no aumento dos juros, mesmo com o aplauso do setor financeiro, o poder de seu governo acabará. Se não for substituída é porque os candidatos à  substituí-la são ainda piores.

Arapongagem norte-americana
   Desde muito tempo conhecimento é poder. Evidente porque o conhecimento oportuno e adequado permite a prevenção de ameaças e o aproveitamento de oportunidades. Indica qual o adequado emprego do poder, seja por Estados, organizações ou indivíduos. A espionagem é uma atividade milenar. Existe desde priscas eras, continuando ao sabor dos ventos dos tempos históricos. Ninguém está a salvo da espionagem - ou, pelo menos, quase ninguém. Apenas quem consiga se resguardar.
    Os EUA, como todas as potências, buscam o conhecimento que permita o adequado emprego de seu poder para alcançar ou manter seus objetivos nacionais e conseguir vantagens econômicas, políticas, militares, tecnológicas e sociais. Talvez o Brasil seja a única nação no mundo que acredita que alguma outra vai lhe transferir conhecimentos sensíveis que possam acrescentar poder, e que não tentará monitora-lo, mesmo quando seus interesses colidirem Um bom serviço de Inteligência não substitui as Forças Armadas, mas é quase tão importante com estas, até para a segurança da Pátria .
   Oportuno lembrar que o primeiro "briefing" diário do presidente Obama é com o assessor de Segurança Nacional e com o Diretor Geral da CIA, que lhe transmite a Estimativa Diárial de Inteligência. Entre nós, a Presidente não recebe o Diretor Geral da ABIN, e nem adiantaria mesmo receber porque ele sabe muito pouca coisa. Tem como interlocutor o GSI, que faz questão de não se meter com a “arapongagem”, talvez para não se queimar. Mesmo que se informasse eficientemente ele não tem acesso, ou não força o acesso. Até no gabinete de crises instalado durante o pico das manifestações, assinala-se sua ausência. Não é de hoje, desde o Collor que o serviço é sub utilizado, mas desde o Lula está pior. O PT sempre julgou Inteligência "coisa de di reita", (embora use para ações partidárias). O partido proibiu a Abin de monitorar os movimentos sociais. Não há como reclamar quando estes surgiram das trevas virtuais e surpreenderam o Governo.
    Quanto aos EUA, é claro que desenvolveram operações de Inteligência no Brasil, assim como o fizeram ou tentaram em todo o mundo.
O que podemos (e devemos)  fazer? Mostrar-se indignado é a atitude mais ridícula.     Pode-se protestar (pro forma) e até retaliar, afinal, foram desmascarados, mas nesse jogo geopolítico não há leis nem ética, e a única regra é não ser apanhado. Devemos sim é criar um Serviço eficiente, como já foi o SNI, lamentavelmente só no âmbito de Guerra Fria. Não é possível ter um Serviço Secreto eficiente se ele não tem nem permissão de grampear, onde os Oficiais de Inteligência são selecionados em concurso público intelectual e onde o chefe pode ser escolhido pelo critério da acomodação. Assim nunca conseguiremos nem conhecimentos úteis nem impedir novas ações de Inteligência, não só dos EUA, m as de qualquer outro país que deseje algo do Brasil. , a ABIN não devia existir apenas para servir de cabide de emprego e gerar gastos de milhões de reais anualmente, mas para descobrir o que os outros não querem que saibamos. Antes de tudo precisa receber missões, ou seja, que o Governo lhe diga o que quer saber, ou ao menos lhe dê liberdade para investigar o que achar conveniente. A guerra de “Inteligência” também é chamada de “O Grande Jogo”. Primeiro é preciso querer jogar. Depois, saber jogar. No nosso caso, aprender a jogar. Poderíamos começar ameaçando contratar o Snowden. Isto nos daria um imenso poder de barganha (e outros problemas também), mas afinal, Snowden ajudou ou prejudicou o Brasil? Se prejudicou, colocando a boca no trombone, que Dilma e Patriota expliquem. Se ajudou, merece ser ajudado, e não vítima de i ngratidão.
   Alguém pode esperar que firmas estrangeiras não cooperem com seus governos? E quando essas firmas dominam a telefonia e a internet? É acreditar no coelhinho da Páscoa. Querendo se aprofundar no assunto, recomendo a leitura  de livros especializados.

Aviões venezuelanos despejam centenas de guerrilheiros no Brasil?

   Foi noticiado, mas não deu para acreditar Seria uma operação excessivamente ostensiva, burra demais. O mais provável é que se trate de um abastecimento com destino ao Uruguai. Entretanto, nada se sabe ao certo. È bom que o CIE o CIAer investiguem, se a ABIN não o fizer.
Que Deus guarde a todos nós
Gelio Fregapani
COMENTÁRIO 173 de 14 de julho de 2013

ADENDO
 UMA OPINIÃO ABALIZADA SOBRE O FUTURO DO PETRÓLEO E DO GÁS DE XISTO
O Crepúsculo do Petróleo
CEL. MAURO PORTO
PÁGINAS DESTINADAS À ANÁLISE E EVENTUAL DISCUSSÃO DA CAUSA PRIMEIRA DA CRISE ATUAL E DO PRÓXIMO E INEVITÁVEL COLAPSO DA CIVILIZAÇÃO GLOBALIZADA


terça-feira, 9 de julho de 2013

A "Revolução" do Fracking 

A tecnologia de injetar produtos quimicos sob pressão ("fracking") para deslocar as camadas profundas de folhelhos betuminosos de modo a liberar gás e óleo difícil de tirar (shale gas/tight oil), é o último e desesperado recurso para continuar a obter energia fóssil cada vez mais cara -- em termos de quantidade de energia investida por barril de energia obtida.
Pior do que tudo é o desastre ecológico irrecuperável pela poluição dos aquíferos -- e a falta de água em grandes quantidades é o próxima gravíssima crise de escassez que vai afligir o planeta dos nossos netos.
As grandes empresas de petróleo e gás estão conseguindo esconder isso atropelando as autoridades politicas e judiciais do interior americano com o uso de pressão politica e econômica nesse momento de crise mundial, mas o clamor contra o "fracking" vai  aumentando. Vejam o que está acontecendo em fazendas dos  USA

http://www.youtube.com/watch?v=VEQMA0zwMM4

Quanto à propalada revolução que permitiria extrair bilhões de barris de shale gas/tight oil,  catapultando os USA de volta a posição de exportador de energia, acredito que os gráficos abaixo (tirados de um recente  e muito equilibrado paper sobre o assunto) desmentem a propaganda otimista de Wall Steet melhor que 10.000 palavras
O fato é que os campos velhos continuam no mundo todo a perder produção, compensada com grande dificuldade pela produção de óleo e gás "não convencional" --  produção crescentemente mais "cara" em termos de energia consumida para produzir energia.
Vejam a brutal desproporção entre o número de poços novos e o correspondente aumento de produção, tanto de óleo como de gás, nos USA.

(Clique aqui para o gráfico)


Desde 2005 quando foi publicado "O crepúsculo do Petróleo"  o número de poços novos cavados por ano nos USA foi multiplicado por 2,5 em troca de um pífio aumento percentual de produção
A projeção de produção dos USA feita pela EIA (Energy Information Administration, do Depto de Energia) mostrada abaixo (e que considero otimista) mostra que mesmo com uma grande injeção de shale/tight oil a produção chega a  um pico dentro de 6 anos, com o resultado de que em 2040 a produção doméstica americana será pouco mais de 30% do suprimento de óleo dos USA

(Ver gráfico)

No mundo como um todo, a previsão da IEA (International Energy Agency, da OECD),  é a mostrada na figura abaixo e adiante explicada, direto na lingua de Shakespeare:

"The latest median forecast for world petroleum liquids production of the IEA (termed the “New Policies Scenario”) is illustrated in Figure 22, which projects a decline of nearly two-thirds for all fields producing in 2011.

This projection suggests that overall crude oil production will decline slightly over the period to 2035, even with the development of 39.4 mbd of new production capacity from discovered and undiscovered fields (the equivalent of four Saudi Arabias’ worth of new production)
The IEA, in fact, has indicated in its World Energy Outlook 2012 that conventional crude oil is now past peak production and, even with the development of new production equivalent to two-thirds of current  production, will decline slightly through 2035

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