Ainda as manifestações
O país ainda sofre o impacto das manifestações, procurando entender suas causas e consequências. Ainda
que a manifestação do dia 11 tenha sido basicamente sindical, visando
mostrar força e manter seus privilégios, as primeiras manifestações
haviam reunido milhões de pessoas com motivações bastante distintas, mas
foi percebido um inconformismo
crescente com o não atendimento às aspirações e demandas da sociedade,
deixando-as subordinadas aos interesses dos setores políticos que
comandam a Nação, apenas difusamente houve alguma constatação da
hegemonia dos interesses pró-rentistas (na
maior parte estrangeiros) na formulação das políticas públicas,
refletida na destinação de quase metade do orçamento do Governo Federal
para o serviço da dívida pública.
Nenhuma
liderança soube captar e expressar o mal-estar contemporâneo. A
internet viabilizou a mobilização sem qualquer liderança visível.
Culparam-se
os desacertos da política econômica nos últimos governos, mas os
efeitos negativos só de leve foram sentidos e houve avanços nas
condições de vida. Ao contrário do que ocorreu em outras partes do
mundo, a distribuição de renda melhorou e o desemprego está em seu
mínimo histórico.
É
verdade que a inflação está em alta, mas é difícil atribuir a ela o
papel de catalisadora do movimento das ruas. Os elementos tradicionais
da insatisfação popular – dificuldades econômicas e falta de
representação democrática não estão presentes no Brasil de hoje. É
evidente que a internet e as redes sociais fizeram que o mal-estar
transbordasse para a realidade das ruas mas os internautas de hoje ainda
não representam o povão, ainda que funcionem como catalisadores de
frustrações comuns.
As causas do mal-estar (difuso) parecem ter alguns eixos principais. O primeiro é o descrédito com os políticos, caros e corruptos, principalmente com o Legislativo. . O segundo é a falta de Segurança Púbic a onde o órgão mais ineficiente é o Judiciário em todas suas esferas. O terceiro é a falta de um “Santo Graal”, ou seja, de um ideal pelo qual lutar, psicologicamente necessário para uma juventude saudável e agora bem alimentada...”.
As
tendências apontam para uma mudança de rumo. O desencanto com a
democracia representativa não é um fenômeno exclusivamente brasileiro.
As razões dessa insatisfação estão claras, mas é possível que o modelo
de representação democrática, o único possível em grandes populações,
tenha deixado de ser indispensável num mundo interligado. O debate
público deslocou-se das esferas tradicionais da política para a internet
e as redes sociais. Ameaçados pelo crescimento da internet, os
“representantes do povo” que representavam apenas a si mesmo, estão
perdendo o bonde da História. Cada vez mais os desejos homogêneos das
massas exigirão seu atendimento assim será quanto ao corte do número dos
parlamentares, da redução dos salários absurdos, da punição dos
corruptos, a começar pe
los do mensalão, da redução da maioridade penal, da limpeza na Justiça,
no levantamento das restrições ao porte de arma e outras aspirações
mais. Os parlamentos, no mundo e no Brasil, estão sob convulsão, pois
foram atropelados pela democracia direta, forjada nas ruas, cujo
desfecho, no ambiente da crise mundial, ainda, é a grande incógnita.
Este
é o caminho para a Democracia Direta, pois para os assuntos realmente
importantes serão adequados os plebiscitos e para os problemas menores,
uma pesquisa pela internet ou mesmo pelo Ibope será suficiente e de
menor custo.
Está acabando a era dos políticos que decidiam secretamente por não seguirem a vontade popular.
O aumento dos juros
O
Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa
básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto percentual, indo para 8,5% ao ano
(estava em 8%). É a terceira reunião seguida do Copom em que os juros
aumentam. A decisão foi unânime.
Algumas
medidas governamentais indicam que a Presidente Dilma esteja se
rendendo às pressões do interesse financeiro, notadamente estrangeiro:
As privatizações/desnacionalizações (notadamente os leilões do pré sal),
e principalmente o aumento dos juros. No
início do mandato a Presidente havia forçado a queda de juros. È claro
que trouxe progresso, mas virou contra ela todo o aparato financeiro
nacional e internacional. Agora, cercada, está se rendendo. Falta-lhe
força ou coragem para enfrentar o verdadeiro inimigo.
Muito
além da despesa de custeio da nossa máquina pública, excessivamente
inchada, muito mais do que a soma de todas as corrupções, que aliás são
imensas, os gastos com os juros e amortizações da dívida formam a maior
sangria aos cofres públicos, engolindo 44% do orçamento. Recebendo
atenção prioritária do governo, nada sobra para os investimentos em
infraestrutura e nos serviços públicos que podem trazer progresso.
O pretexto para a elevação dos juros, como sempre, foi a ameaça de inflação Pretexto falacioso pois aumentar os juros pode
controlar apenas um tipo de inflação: a de excesso de procura e oferta
insuficiente mas isto não estava havendo, não havia excesso de dinheiro e
as prateleiras dos supermercados e das lojas estavam cheias.
Com
os juros mais altos a produção fica imediatamente mais cara por conta
dos financiamentos mais dispendiosos e em seguida a produção diminui,
pois será mais lucrativo colocar o dinheiro a juros do que produzir.
Isto causa ainda mais inflação.
Tem mais: uma
elevação forte nos juros arruína o Tesouro Nacional, elevando a conta
do serviço da dívida no âmbito do orçamento sobrará menos recursos para
atender as demandas sociais e consequentemente, detona movimentos
sociais, que reivindicam mais saúde, educação, segurança, transporte e
infraestrutura. A própria dívida passa a ser “rolada” e se torna
impagável, ou só pagável com perda de soberania. Quem vai pagar os juros
que o Banco Central puxou para cima serão inicialmente, os
trabalhadores, depois a classe média e por fim os empresários. Os
banqueiros não, a menos que não haja outro local no mundo para onde
possam levar seu dinheiro parasitário. Em outras palavras, o pagamento de juros causa uma sangria mu
ito maior do que o custeio da máquina governamental, somado a todas as roubalheiras existentes no País.
Tivesse
a Dilma prosseguido como começou, poderia ter contra si todo o sistema
financeiro internacional, mas a economia iria de vento em popa. Tivesse
ela prosseguido na faxina que esboçou, poderia até sofrer um impeachment
por parte do Congresso, mas as “manifestações” demonstraram que a
população não o permitiria, e ela teria a adesão das Forças Armadas
apesar das provocações da Comissão da Verdade, ou melhor, da Vingança,
mas o apoio se desfaz com a economia declinante. Já há quem esteja
pedindo a cabeça dela.
Prosseguindo no aumento dos juros, mesmo com o aplauso do setor financeiro, o poder de seu governo acabará. Se não for substituída é porque os candidatos à substituí-la são ainda piores.
Arapongagem norte-americana
Desde
muito tempo conhecimento é poder. Evidente porque o conhecimento
oportuno e adequado permite a prevenção de ameaças e o aproveitamento de
oportunidades. Indica qual o adequado emprego do poder, seja por
Estados, organizações ou indivíduos. A espionagem é uma atividade
milenar. Existe desde priscas eras, continuando ao sabor dos ventos dos
tempos históricos. Ninguém está a salvo da espionagem - ou, pelo menos,
quase ninguém. Apenas quem consiga se resguardar.
Os
EUA, como todas as potências, buscam o conhecimento que permita o
adequado emprego de seu poder para alcançar ou manter seus objetivos
nacionais e conseguir vantagens econômicas, políticas, militares,
tecnológicas e sociais. Talvez o Brasil seja a única nação no mundo que
acredita que alguma outra vai lhe transferir conhecimentos sensíveis que
possam acrescentar poder, e que não tentará monitora-lo, mesmo quando
seus interesses colidirem Um bom serviço de Inteligência não substitui
as Forças Armadas, mas é quase tão importante com estas, até para a
segurança da Pátria .
Oportuno
lembrar que o primeiro "briefing" diário do presidente Obama é com o
assessor de Segurança Nacional e com o Diretor Geral da CIA, que lhe
transmite a Estimativa Diárial de Inteligência. Entre nós, a Presidente
não recebe o Diretor Geral da ABIN, e nem adiantaria mesmo receber
porque ele sabe muito pouca coisa. Tem como interlocutor o GSI, que faz
questão de não se meter com a “arapongagem”, talvez para não se queimar.
Mesmo que se informasse eficientemente ele não tem acesso, ou não força
o acesso. Até no gabinete de crises instalado durante o pico das
manifestações, assinala-se sua ausência. Não é de hoje, desde o Collor
que o serviço é sub utilizado, mas desde o Lula está pior. O PT sempre
julgou Inteligência "coisa de di
reita", (embora use para ações partidárias). O partido proibiu a Abin
de monitorar os movimentos sociais. Não há como reclamar quando estes
surgiram das trevas virtuais e surpreenderam o Governo.
Quanto
aos EUA, é claro que desenvolveram operações de Inteligência no Brasil,
assim como o fizeram ou tentaram em todo o mundo.
O que podemos (e devemos) fazer? Mostrar-se indignado é a atitude mais ridícula. Pode-se
protestar (pro forma) e até retaliar, afinal, foram desmascarados, mas
nesse jogo geopolítico não há leis nem ética, e a única regra é não ser
apanhado. Devemos sim é criar um Serviço eficiente, como já foi o SNI,
lamentavelmente só no âmbito de Guerra Fria. Não é possível ter um
Serviço Secreto eficiente se ele não tem nem permissão de grampear, onde
os Oficiais de Inteligência são selecionados em concurso público
intelectual e onde o chefe pode ser escolhido pelo critério da
acomodação. Assim nunca conseguiremos nem conhecimentos úteis nem
impedir novas ações de Inteligência, não só dos EUA, m
as de qualquer outro país que deseje algo do Brasil. ,
a ABIN não devia existir apenas para servir de cabide de emprego e
gerar gastos de milhões de reais anualmente, mas para descobrir o que os
outros não querem que saibamos. Antes de tudo precisa receber missões,
ou seja, que o Governo lhe diga o que quer saber, ou ao menos lhe dê
liberdade para investigar o que achar conveniente.
A guerra de “Inteligência” também é chamada de “O Grande Jogo”.
Primeiro é preciso querer jogar. Depois, saber jogar. No nosso caso,
aprender a jogar. Poderíamos começar ameaçando contratar o Snowden. Isto
nos daria um imenso poder de barganha (e outros problemas também), mas
afinal, Snowden ajudou ou
prejudicou o Brasil? Se prejudicou, colocando a boca no trombone, que
Dilma e Patriota expliquem. Se ajudou, merece ser ajudado, e não vítima
de i
ngratidão.
Alguém
pode esperar que firmas estrangeiras não cooperem com seus governos? E
quando essas firmas dominam a telefonia e a internet? É acreditar no
coelhinho da Páscoa. Querendo se aprofundar no assunto, recomendo a
leitura de livros especializados.
Aviões venezuelanos despejam centenas de guerrilheiros no Brasil?
Foi
noticiado, mas não deu para acreditar Seria uma operação excessivamente
ostensiva, burra demais. O mais provável é que se trate de um
abastecimento com destino ao Uruguai. Entretanto, nada se sabe ao certo.
È bom que o CIE o CIAer investiguem, se a ABIN não o fizer.
Que Deus guarde a todos nós
Gelio Fregapani
COMENTÁRIO 173 de 14 de julho de 2013
ADENDO
UMA OPINIÃO ABALIZADA SOBRE O FUTURO DO PETRÓLEO E DO GÁS DE XISTO
O Crepúsculo do Petróleo
CEL. MAURO PORTO
PÁGINAS
DESTINADAS À ANÁLISE E EVENTUAL DISCUSSÃO DA CAUSA PRIMEIRA DA CRISE
ATUAL E DO PRÓXIMO E INEVITÁVEL COLAPSO DA CIVILIZAÇÃO GLOBALIZADA
terça-feira, 9 de julho de 2013A "Revolução" do Fracking
A
tecnologia de injetar produtos quimicos sob pressão ("fracking") para
deslocar as camadas profundas de folhelhos betuminosos de modo a liberar
gás e óleo difícil de tirar (shale gas/tight oil), é o último e
desesperado recurso para continuar a obter energia fóssil cada vez mais
cara -- em termos de quantidade de energia investida por barril de
energia obtida.
Pior
do que tudo é o desastre ecológico irrecuperável pela poluição dos
aquíferos -- e a falta de água em grandes quantidades é o próxima
gravíssima crise de escassez que vai afligir o planeta dos nossos
netos.
As grandes empresas de petróleo e gás estão conseguindo esconder isso atropelando as autoridades politicas e judiciais do interior americano com o uso de pressão politica e econômica nesse momento de crise mundial, mas o clamor contra o "fracking" vai aumentando. Vejam o que está acontecendo em fazendas dos USA http://www.youtube.com/watch?v=VEQMA0zwMM4 Quanto à propalada revolução que permitiria extrair bilhões de barris de shale gas/tight oil, catapultando os USA de volta a posição de exportador de energia, acredito que os gráficos abaixo (tirados de um recente e muito equilibrado paper sobre o assunto) desmentem a propaganda otimista de Wall Steet melhor que 10.000 palavras
O
fato é que os campos velhos continuam no mundo todo a perder produção,
compensada com grande dificuldade pela produção de óleo e gás "não
convencional" -- produção crescentemente mais "cara" em termos de
energia consumida para produzir energia.
Vejam
a brutal desproporção entre o número de poços novos e o correspondente
aumento de produção, tanto de óleo como de gás, nos USA.
(Clique aqui para o gráfico)Desde 2005 quando foi publicado "O crepúsculo do Petróleo" o número de poços novos cavados por ano nos USA foi multiplicado por 2,5 em troca de um pífio aumento percentual de produção
A
projeção de produção dos USA feita pela EIA (Energy Information
Administration, do Depto de Energia) mostrada abaixo (e que considero
otimista) mostra que mesmo com uma grande injeção de shale/tight oil a
produção chega a um pico dentro de 6 anos, com o resultado de que em
2040 a produção doméstica americana será pouco mais de 30% do suprimento
de óleo dos USA
(Ver gráfico)
No
mundo como um todo, a previsão da IEA (International Energy Agency, da
OECD), é a mostrada na figura abaixo e adiante explicada, direto na
lingua de Shakespeare:
"The
latest median forecast for world petroleum liquids production of the
IEA (termed the “New Policies Scenario”) is illustrated in Figure 22,
which projects a decline of nearly two-thirds for all fields producing
in 2011.
This projection suggests that overall crude oil production will decline slightly over the period to 2035, even with the development of 39.4 mbd of new production capacity from discovered and undiscovered fields (the equivalent of four Saudi Arabias’ worth of new production)
The IEA, in fact, has indicated in its World Energy Outlook 2012 that conventional crude oil is now past peak production and, even with the development of new production equivalent to two-thirds of current production, will decline slightly through 2035
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